O sol nasce de frente pro rancho A florada do ipê no terreiro Solta flores douradas no ar Canta triste o jaó tão matreiro
O meu peito velho chorador Tem saudade dos tempos primeiros Quando eu vivia carreando Era estradeiro de muitas pousadas Vida apaixonada vem dos boiadeiros
Como o rio que percorre a invernada Suas águas regando a saudade Foi assim que correu meu galope Arribada deixei a vaidade
Os amores de um boiadeiro Não amarra um peão de verdade Amei todas como um beija-flor Em toda cidade tive uma paixão Parti coração, adeus mocidade
A famosa espora de prata O meu laço de couro trançado Se perderam com a minha tropa Esquecida em currais do passado
Na estrada deixei meus repentes Os amigos ficaram de lado Eu voei como faz a perdiz Em campo cerrado, asas tão ligeiras Mas nas ribanceiras tem chão calejado
Se essa minha viola falasse Nessas cordas tão bem afinadas Certamente iria dizer Boiadeiro morre com a boiada
O que resta é uma grande saudade De velhice ficou disfarçada É a balança do tempo cruel De vida pesada não erra seu peso Pois agora mesmo eu pego outra estrada