Eu tinha meu sitiozinho Nas margens do rio tietê Pequeno só no tamanho Ideal pra se viver Ali criei a família Vi cada filho crescer Confesso nunca pensei No que veio acontecer Por um preço irrisório Meu pequeno território Tive que um dia vender
Certo dia um sujeito Bateu palmas no terreiro Eu saí para atender Vi que era um mensageiro Me perguntou se eu era O patrão ou o caseiro Respondi eu sou o dono Mas tenho mais quatro herdeiros Três filhos e a mulher Mas enquanto Deus quiser Eu serei sempre o primeiro
Ele então me respondeu Desculpe a minha franqueza Eu vim trazer um recado Que vai lhe causar tristeza Suas terras estão marcadas O senhor não tem defesa Tirou da pasta um projeto Me explicou com clareza O senhor tem que mudar O seu sítio vai ficar Sobre as águas da represa
Tive que mudar depressa Não tive outra saída Hoje moro na cidade Mudou tudo em minha vida A mulher não se conforma Vive sempre aborrecida Eu também não canto mais Deixei a viola esquecida É grande a minha agonia Trabalho de boia fria Pra defender a comida
Em troca do sitiozinho Me fizeram um pagamento Que mal deu para eu comprar Uma casa no relento Moro na periferia Ái me Deus que sofrimento A vida boa que eu tinha Não esqueço um só momento É tão grande a minha mágoa O meu sítio embaixo d'água Não me sai do pensamento
Compositores: Milton Aparecido Marquett (Ze Goiano), Sebastiao Laerte Fabro de Camargo (Tiao Camargo) ECAD: Obra #11175440 Fonograma #1651163