Meu pequeno território Lugar onde eu vivia Nas margens do rio Tietê Minha velha moradia
Contra a minha vontade Tive que vender um dia Por um tal valor venal Bem menos do que valia Eu fui desapropriado Tietê foi represado Acabou minha alegria
Chegaram os engenheiro Da empresa de energia Foram fincando as balizas Fazendo a topografia
E marcando a barragem Aonde já previa Lá da varanda de casa Eu a tudo assistia Em pouco tempo fui vendo Tudo desaparecendo Conforme a água subia
Larguei tudo de repente E fiz a minha mudança Viemos para a cidade Eu, a mulher e as criança
Moro na periferia Acabou a vida mansa O meu sítio embaixo d'água Não me sai mais da lembrança A mulher ainda chora Só fala em ir embora Vivemos sem esperança
Eu olho e vejo a cidade Com todas as luzes acesa As indústrias trabalhando Gerando empresa e riqueza
Movido pela energia Da força da natureza A fonte que ilumina Toda esta redondeza Me faz lembrar com saudade A minha propriedade Sob as águas da represa
Fiquei sem seu sitiozinho Mesmo com os meus protestos Vendi tudo o que eu tinha Fiquei sem nada, confesso
Hoje eu moro na cidade Num bairro pobre e modesto Totalmente nas escuras Não tem luz nem no acesso De sol a sol todo o dia Trabalho de boia fria Esse é o preço do progresso
Compositores: Milton Aparecido Marquett (Ze Goiano), Sebastiao Laerte Fabro de Camargo ECAD: Obra #703678 Fonograma #1761418