Eli Silva e Zé Goiano

Meu Sitiozinho

Eli Silva e Zé Goiano


Meu pequeno território
Lugar onde eu vivia
Nas margens do rio Tietê
Minha velha moradia

Contra a minha vontade
Tive que vender um dia
Por um tal valor venal
Bem menos do que valia
Eu fui desapropriado
Tietê foi represado
Acabou minha alegria

Chegaram os engenheiro
Da empresa de energia
Foram fincando as balizas
Fazendo a topografia

E marcando a barragem
Aonde já previa
Lá da varanda de casa
Eu a tudo assistia
Em pouco tempo fui vendo
Tudo desaparecendo
Conforme a água subia

Larguei tudo de repente
E fiz a minha mudança
Viemos para a cidade
Eu, a mulher e as criança

Moro na periferia
Acabou a vida mansa
O meu sítio embaixo d'água
Não me sai mais da lembrança
A mulher ainda chora
Só fala em ir embora
Vivemos sem esperança

Eu olho e vejo a cidade
Com todas as luzes acesa
As indústrias trabalhando
Gerando empresa e riqueza

Movido pela energia
Da força da natureza
A fonte que ilumina
Toda esta redondeza
Me faz lembrar com saudade
A minha propriedade
Sob as águas da represa

Fiquei sem seu sitiozinho
Mesmo com os meus protestos
Vendi tudo o que eu tinha
Fiquei sem nada, confesso

Hoje eu moro na cidade
Num bairro pobre e modesto
Totalmente nas escuras
Não tem luz nem no acesso
De sol a sol todo o dia
Trabalho de boia fria
Esse é o preço do progresso

Compositores: Milton Aparecido Marquett (Ze Goiano), Sebastiao Laerte Fabro de Camargo
ECAD: Obra #703678 Fonograma #1761418

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