Em pensamento eu revejo o meu sertão Meu pedacinho de chão que ficou lá na distância Sinto saudade do meu tempo de menino Ouço o badalar do sino com o monjolo em ressonância
Vejo a porteira, ouço até suas batidas Com a paineira colorida sinto também a flagrância Ouço meu cão, companheiro de caçada Latindo de madrugada com toda a sua arrogância
Vejo o terreiro da nossa velha palhoça Vejo o caminho da roça e o velho carretão Que transportava do sertão para a cidade Sem qualquer dificuldade toda a nossa produção
Eu vejo a lua clareando o descampado Os seus raios prateados colorindo a imensidão Ouço cantiga de urutau dentro da mata O murmurar da cascata, nascente do ribeirão
Assim pensando retornei-me à mocidade Aumentou mais a saudade, confesso que até ouvi Uma viola ponteada com mestria E uma linda melodia, quase que não resisti
Veio na mente a imagem do meu pai Violeiro de cartaz, sua presença eu senti Cantarolando uma moda sertaneja E mamãe indo pra igreja e a ela agradeci
Este lugar que eu revejo em pensamento Aumenta meu sofrimento, nada mais tem por ali Restou a terra totalmente desmatada E o luar da madrugada nada tem pra refletir
Ficou sem vida meu cantinho de sertão Como dói meu coração desde o dia em que eu parti Pois não existe outra dor maior que seja E a saudade sertaneja do lugar onde eu nasci