Elomar
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Da Catingueira

Elomar


I CANTO
Da Catingueira

Ela nasceu na laje do Gavião
Numa quadra escura de Janeiro
Numa noite de chuva e de truvão
E no mei do mais grande aguacero
Batizou-se na vila do Poção
Na igreja do santo padroeiro
Numa quadra escura de Janeiro
Nasceu Dassanta do Gavião.
Numa noite de relampo e truvão
Resolveram fazê o sacramento
Seu pai com ela e o facho na mão
Sua mãe montada no jumento
Sairam no mei da escuridão
Sofreram mas com muito contentamento
Numa quadra escura de Janeiro
No mei do mais grande aguacero
Resolveram fazê o sacramento.
Depois que a manhã era chegada
Eles também chegaram no lugar
A menina tava toda molhada
Levaram entonce pra batizá
E logo adispois do sacramento
Seu pai foi percurar o iscrivão
Pra poder fazê o assentamento
Da era ela na lei do Poção
O cujo foi quem falou primeiro
Vai te custar cinco milerréis
Apois o pai dela era um vaqueiro
Que não ganhava nem um dérréis
E o pouquin que sua mãe levou
O vigário abocou os vis réis
Pegaram então a boca da estrada
Uns escampo cheio de vento
Dassanta recebeu o sacramento
Mas nunca teve a era assentada.

Conta as pessoa mais velha que
Dassanta era bonita que metia medo
Tinha nos olho a febre matadera
Que matava mais que cobra de lajedo
Os pé pequeno e os cabelo cumprido
Embaixo do vestido um manto de segredo
Apois seu pai era um pobre vaqueiro
Ficou cego bem moço quando tinha um pé ligeiro
Um corpo maneiro e um roupante grosso
Nasceu e se criou no sei da caatinga
Na terra seca de nosso sinhô
Onde nem todo ano a planta vinga
Foi Deus que um dia assim determinou
Ai nesse chão onde o cristão xinga
Nem o cangaceiro lá nunca pisou
Lá de vez em quando um jagunça pinga
Vindo das bandas do mato cipó
As relegião queu canto, as mendingas,
Canta que Jesus nela passou
Quando o rei das treva e da mandinga
Pirseguia o principe salvador
Pagando os rastro dele na caatinga
E as pombinha fogo-pagou
Ai nessa terra que é véa e que é minina
Onde as zubrina nunca lá chegou
A siriema brava da campina
No sei da caatinga nasceu e se criou
Mais o pió qui era sua buniteza
Virô u'a besta fera naquelas redondeza
In todas brincadêra adonde ela chegava
As mulé dançadêra assombrada ficava
Já pois dela nas fêra os cantadô dizia
Qui a dô e as aligria na sombra dela andava
E adonde ela tivesse a véa da foice istava
A véa da foice istava
In todas as brincadêra adonde ela ia
Iantes dela chegava na frente as aligria
Dispois só se uvia era o trincá dos ferro
As mãe soutano uns berro chorano mal dizia
E triste no ôtro dia era só chôro e intêrro
Chôro e intêrro (bis)
Dassanta era bunita qui inté fazia horrô
No sertão prú via dela muito sangue derramô
Conta os antigos quela dispois da morte virô
Passú das asa marela jaçanã pomba fulô
Fulô rôxa do panela só lá tem essa fulô
Dispois da morte virô pássu japiassoca assú... (bis)

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