Adeus para o Ed

Pois Ed está morto

O garoto cuidadoso

Deitou pra descansar

Um chão de veludo

Para colocar sua cabeça

Uma saca vazia

Um caixão de madeira

Continua bonito na morte

A umidade enévoa meu hálito

Duzentos olhos abaixados

Cem adeus mudos

Eu nunca pensei que sua ameaças se realizariam

Você nunca fazia o que dizia que iria

Sua mamãe e papai

parecem tão velhos

Toda a multidão

em mantos sujos

Esta sala é tão fria

É vazia também

Ela fede a fio-dental

Eu sentei com o papai e bebi um pouco de cerveja

Nós não nos falávamos desde o ano passado

Eu peguei sua mão, o guiei até lá em cima

Silenciosamente desenhei seu corpo perto

Eu não pude ver, senti tanto sua falta

Senti tanto que tive que foder

Entre os lencóis chamuscados com desgosto

Os travesseiros pintados com seus sonhos

Eu não quis parar aquele destino

Eu havia dito mil coisas

Sim, mas hey

Como nós concordamos

Eu serei corajosa

Irei abrir wisky

sobre seu túmulo

Fumar cigarros

Sobre as pedras

Estourar champagne

sobre seus ossos

Se o enterro restringir sua vista

Eu trarei a cidade aqui pra você

Irei empacotar o rio e o relógio

amarrá-los em uma cesta de piquinique

Com laços dourados

E canecas de cristal

Meus calcanhares de dança

irão encher a caneca

Iremos dançar Disco até o amanhecer

Eu irei ensinar o vilareijo a prantear

Minha sala de estar

no futuro

Você é apenas um rosto

sobre a minha lareira

Um som futil

Sinos distantes

Eu irei pensar nisto

e irei chorar

Talvez eu derrube minha torradeira

O som de vidro quebrado

Acho que esqueci que afinal

algumas coisas nunca passam

Fácil falar

Difícil de acreditar

Que chegará um dia

em que eu não lamentarei

Até o tempo

que meu corpo partir

Eu me recordarei

de que você não respira.