Antes o samba era discriminado pergunta lá pro Pixinguinha Quando tocava em Copacabana, tinha que entrar pela cozinha Hoje é pé na porta sem tocar campainha, sem tocar a campainha Eles tem medo do discurso que o Tupac tinha É que o patinho feio virou Tio Patinhas Antes viam preto e viravam o quarteirão Hoje são fã de carteirinha Antes viam preto e chamavam o Caveirão Hoje eles aplaudem o Caverinha O mano com dinheiro fala mal da favela Como se o crime fosse só no Vidigal e na Rocinha Mas apoia o deputado que é fechado com a milícia E ama ir no baile funk zoar e cheirar farinha E eu fico me perguntando de onde essa droga vem Se até no jatinho do governo já tinha? E nessa equação o maior lucro é de quem Quem fica com caixão e quem fica com a caixinha? E não adianta fingir que não vê lado O preconceito é velado Vê la do alto do morro qual corpo vai ser velado Vai ser favelado É o pai que perde o filho, é o dedo no gatilho É o medo do homicídio, é a morte a domicílio é a guerra nos presídios Carandiru, Alcaçuz, por aqui se banaliza genocídios Pergunta pros índios, pergunta pros índices Quantas dessas vítimas são pretas? Pergunta lá no Iml Qual a cor da pele que colore suas gavetas? Hein?
Rap é tudo que o sistema não queria Tudo que o sistema não queria Rap é tudo que o sistema não queria É o povo armado de poesia
Menino pensando é problema na certa, contesta essa democracia Menina pensando é o gatilho que aperta na testa da hipocrisia
Rap é tudo que o sistema não queria Tudo que o sistema não queria Rap é tudo que o sistema não queria É o povo armado de poesia
Antes o rap era discriminado pergunta lá pras patricinha Não tinha espaço na tela no rádio, só na 105 que tinha Hoje é pé na porta sem tocar a campainha, sem tocar a campainha Se tinha show ao invés de mina só polícia vinha Hoje é 3 cueca pra 7 calcinha Antes era só mensagem e o beat batendo Hoje é glamour em festa de bacana Pra quem achou que era só os cara vendo Hoje as mina fecha e vem de caravana Querem combater a violência mas não querem combater a desigualdade Ele se incomoda com a empregada indo pra Disney Mas não se incomoda se o filho da empregada não entrou na faculdade Amanhã vocês vão ver vários filhos de empregada no aeroporto lotando o saguão de embarque Com dólar na carteira e cantando um Racionais "Vamo passear no Parque! " Mas a verdade é que pra chegar na escola Tem moleque que leva mais de duas horas por não ter vaga no bus Enquanto isso quem tá roubando nossa vaga na Usp Não quer nem de graça nossa vaga no Sus Porque tenho que curar meu peito partido num partido alto Porque tenho que tomar partido se todo partido nos toma de assalto Mãos ao alto, até o cristo se rendeu e o Diabo anda de gravata e terno E o moleque segue sobrevivendo no inferno Mas se for pra morrer na margem então que seja do caderno
Rap é tudo que o sistema não queria Tudo que o sistema não queria Rap é tudo que o sistema não queria É o povo armado de poesia
Menino pensando é problema na certa contesta essa democracia Menina pensando é o gatilho que aperta na testa da hipocrisia
Rap é tudo que o sistema não queria Tudo que o sistema não queria Rap é tudo que o sistema não queria É o povo armado de poesia
Menino pensando é problema na certa contesta essa democracia Menina pensando é o gatilho que aperta na testa da hipocrisia
Compositores: Oswaldo Dias Garcia (Vulto), Fabio Reboucas de Azeredo (Fabio Brazza), Andre Barros Arakelian (de Barros), Carlos Eduardo Ribeiro Aranda (Charlie) ECAD: Obra #26050927 Fonograma #21195034