Desde pero vaz caminha Que o brasil caminha como formiguinha Como se a gente tivesse andando Como quem fizesse uma embaixadinha Como se o tempo tivesse parado E bola ficado em cima da linha Desde dom pedro I que o brasil ainda é terceiro mundo Desde dom pedro ii que o brasileiro ainda é brasileiro Cana-de-açúcar, café, colônia de escravidão A lama que suja o pé, a grana que molha a mão
São mais de quinhentos anos de danos impunes Debaixo dos panos por cima das leis Humanos mundanos mais réus do que reis Índios, africanos, senhor português Brasil se refez, mas ainda caminha como uma lesma Na mesma... Na mesma
Sem zelo, senzala da vida a vala a favela Muito mais do que são Apelos da fala, da bala que cala e revela Muito mais do que som Embola, embala a bala e com gala não gela Busca revelação Na bola, ou na bala, ou rebola, ou rebela favela Busca revolução Favela Busca revolução Favela Busca revolução Favela Busca revolução
Desde muito tempo atrás, muito tempo "atrós" Quase desde pero vaz nunca teve vez, nem voz Muitos contra poucos prós Sem armani ou hugo boss Mas pra ele que se dane os boys Entre hereges e heróis Das favelas aos faróis Oprimido como os índios pelos português e espanhóis Tantas vezes que mais de meses Após a história muda e ele se torna feroz Visto agora como algoz da sociedade
Na criminalidade Arma na mão irmão, ele tem autoridade Aos vinte de idade já é o dono da cidade Com maldade suficiente pra causar calamidade Então vai, atira peito, mira direito Respira fundo e mostra pro mundo sua ira e despeito Faz prevalecer sua voz através de um fuzil Acho que agora finalmente alguém te ouviu
Sem zelo, senzala da vida a vala a favela Muito mais do que são Apelos da fala, da bala que cala e revela Muito mais do que som Embola, embala a bala e com gala não gela Busca revelação Na bola, ou na bala, ou rebola, ou rebela favela Busca revolução
Bola mais um "back" Bola no pé do moleque Não sabe se trafica, canta rap ou joga futebol Bala no farol, bala para o faroeste Clack, clack, boom, boom E mais um corpo no lençol Procurado pela cia ou interpol Ele é ibope, até o bope já botou na lista negra
Mas é por causa do seu hip rop top Que não tem stop, ninguém lhe pega Nem mesmo quando "os cop chega" Trocou a beretta por livros, papel e caneta E agora o moleque é muita treta Cada letra, cada round em cima do ringue Onde quer que ele ande é tipo gandhi e Martin luther king
Sem derramar sangue Ainda assim não vão querer que ele se zangue Fazendo uso da mente, munição poderosa Favela inteligente, olha só que mistura perigosa Então vai, atira na cabeça, mira direito Respira fundo e mostra pro mundo sua lira e conceito Faz prevalecer sua voz através de um microfone Agora vão ter que te ouvir, boca no trombone
Sem zelo, senzala da vida a vala a favela Muito mais do que são Apelos da fala, da bala que cala e revela Muito mais do que som Embola, embala a bala e com gala não gela Busca revelação Na bola, ou na bala, ou rebola, ou rebela favela
É... Tem dois jeitos de mudar isso ai A informação é a arma mais poderosa Pois isso ninguém te tira, irmão Então a questão é: Ou rebola ou rebela? Iaê favela?
Compositor: Fabio Reboucas de Azeredo (Fabio Brazza) ECAD: Obra #10835068 Fonograma #10430818