Fabio Brazza
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Desde Muito Tempo Atrás

Fabio Brazza

Filho da Pátria


Desde pero vaz caminha
Que o brasil caminha como formiguinha
Como se a gente tivesse andando
Como quem fizesse uma embaixadinha
Como se o tempo tivesse parado
E bola ficado em cima da linha
Desde dom pedro I que o brasil ainda é terceiro mundo
Desde dom pedro ii que o brasileiro ainda é brasileiro
Cana-de-açúcar, café, colônia de escravidão
A lama que suja o pé, a grana que molha a mão

São mais de quinhentos anos de danos impunes
Debaixo dos panos por cima das leis
Humanos mundanos mais réus do que reis
Índios, africanos, senhor português
Brasil se refez, mas ainda caminha como uma lesma
Na mesma... Na mesma

Sem zelo, senzala da vida a vala a favela
Muito mais do que são
Apelos da fala, da bala que cala e revela
Muito mais do que som
Embola, embala a bala e com gala não gela
Busca revelação
Na bola, ou na bala, ou rebola, ou rebela favela
Busca revolução
Favela
Busca revolução
Favela
Busca revolução
Favela
Busca revolução

Desde muito tempo atrás, muito tempo "atrós"
Quase desde pero vaz nunca teve vez, nem voz
Muitos contra poucos prós
Sem armani ou hugo boss
Mas pra ele que se dane os boys
Entre hereges e heróis
Das favelas aos faróis
Oprimido como os índios pelos português e espanhóis
Tantas vezes que mais de meses
Após a história muda e ele se torna feroz
Visto agora como algoz da sociedade

Na criminalidade
Arma na mão irmão, ele tem autoridade
Aos vinte de idade já é o dono da cidade
Com maldade suficiente pra causar calamidade
Então vai, atira peito, mira direito
Respira fundo e mostra pro mundo sua ira e despeito
Faz prevalecer sua voz através de um fuzil
Acho que agora finalmente alguém te ouviu

Sem zelo, senzala da vida a vala a favela
Muito mais do que são
Apelos da fala, da bala que cala e revela
Muito mais do que som
Embola, embala a bala e com gala não gela
Busca revelação
Na bola, ou na bala, ou rebola, ou rebela favela
Busca revolução

Favela
Busca revolução
Favela
Busca revolução
Favela

Bola mais um "back"
Bola no pé do moleque
Não sabe se trafica, canta rap ou joga futebol
Bala no farol, bala para o faroeste
Clack, clack, boom, boom
E mais um corpo no lençol
Procurado pela cia ou interpol
Ele é ibope, até o bope já botou na lista negra

Mas é por causa do seu hip rop top
Que não tem stop, ninguém lhe pega
Nem mesmo quando "os cop chega"
Trocou a beretta por livros, papel e caneta
E agora o moleque é muita treta
Cada letra, cada round em cima do ringue
Onde quer que ele ande é tipo gandhi e Martin luther king

Sem derramar sangue
Ainda assim não vão querer que ele se zangue
Fazendo uso da mente, munição poderosa
Favela inteligente, olha só que mistura perigosa
Então vai, atira na cabeça, mira direito
Respira fundo e mostra pro mundo sua lira e conceito
Faz prevalecer sua voz através de um microfone
Agora vão ter que te ouvir, boca no trombone

Sem zelo, senzala da vida a vala a favela
Muito mais do que são
Apelos da fala, da bala que cala e revela
Muito mais do que som
Embola, embala a bala e com gala não gela
Busca revelação
Na bola, ou na bala, ou rebola, ou rebela favela

Busca revolução
Favela
Busca revolução
Favela
Busca revolução
Favela
Busca revolução

É... Tem dois jeitos de mudar isso ai
A informação é a arma mais poderosa
Pois isso ninguém te tira, irmão
Então a questão é: Ou rebola ou rebela? Iaê favela?

Compositor: Fabio Reboucas de Azeredo (Fabio Brazza)
ECAD: Obra #10835068 Fonograma #10430818

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