O sertão vai virar mar É o mar virando lama Gosto amargo do Rio Doce De Regência a Mariana
Mariana, Marina, Maria, Márcia, Mercedes, Marília Quantas famílias com sede, quantas panelas vazias? Quantos pescadores sem redes e sem canoas? Quantas pessoas sofrendo, quantas pessoas?
Quantas pessoas sem rumo como canoas sem remos Como pescadores sem linha e sem anzóis? Quantas pessoas sem sorte, quantas pessoas com fome? Quantas pessoas sem nome, quantas pessoas sem voz?
Adriano, Diego, Pedro, Marcelo, José Aquele corpo é de quem, aquele corpo quem é? É do Tião, é do Léo, é do João, é de quem? É mais um joão-ninguém, é mais um morto qualquer
Morreu debaixo da lama, morreu debaixo do trem? Ele era filho de alguém, e tinha filho e mulher? Isso ninguém quer saber, com isso ninguém se importa Parece que essas pessoas já nascem mortas
E pra quem olha de longe passando sempre por cima Parece que essas pessoas não têm valor São tão pequenas e fracas, deitando em camas e macas Sobrevivendo, sentindo tristeza e dor
Quem nunca viu a sorte pensa que ela não vem E enche a cacimba de mágoa Hoje me abraça forte, corta esse mal, planta o bem Transforma lágrima em água
O sertão vai virar mar É o mar virando lama Gosto amargo do Rio Doce De Regência a Mariana
O sertão vai virar mar É o mar virando lama Gosto amargo do Rio Doce De Regência a Mariana
Quem olha acima, do alto, ou na Tv em segundos Às vezes vê todo mundo, mas não enxerga ninguém E não enxerga a nobreza de quem tem pouco, mas ama De quem defende o que ama e valoriza o que tem
Antônio, Kátia, Rodrigo, Maurício, Flávia e Taís Trabalham feito formigas, têm uma vida feliz Sabem o valor da amizade e da pureza Da natureza e da água, fonte da vida
Conhecem os bichos e plantas e como o galo que canta Levantam todos os dias com energia e com a cabeça erguida Mas vêm a lama e o descaso, sem cerimônia Envenenando o futuro e o presente
Como se faz desde sempre na Amazônia Nas nossas praias e rios impunemente
Mas o veneno e o atraso, disfarçado de progresso Que apodrece a nossa fonte e a nossa foz Não nos faz tirar os olhos do horizonte Nem polui a esperança que nasce dentro de nós
É quando a lágrima no rosto a gente enxuga e segue em frente Persistente como as tartarugas e as baleias E nessa lama nasce a flor que a gente rega Com o amor que corre dentro do sangue, nas nossas veias
Quem nunca viu a sorte pensa que ela não vem E enche a cacimba de mágoa Hoje me abraça forte, corta esse mal, planta o bem Transforma lágrima em água
O sertão vai virar mar É o mar virando lama Gosto amargo do Rio Doce De Regência a Mariana
O sertão vai virar mar É o mar virando lama Gosto amargo do Rio Doce De Regência a Mariana
O sertão vai virar mar (o sertão virando mar) É o mar virando lama (o mar virando lama) Gosto amargo do Rio Doce (da lama nasce a flor) De Regência a Mariana (muita força, muita sorte)
O sertão vai virar mar (mais justiça, mais amor) É o mar virando lama Gosto amargo do Rio Doce De Regência a Mariana
O sertão vai virar mar É o mar virando lama
Compositores: Gabriel Contino (Gabriel O Pensador), Ricardo Ramos da Cruz ECAD: Obra #14192722 Fonograma #12098752