No país da hipocrisia onde ninguém se escuta Na disputa por poder e pelos bens materiais Uma vez um cacique pegou uma sentença Só porque fez a presença com um cachimbo da paz Ele já morreu mas eu entendo de milagres Fui atrás de um velho livro Num porão que ninguém abre Nos arquivos do governo que escondia informação Sobre um ritual secreto de uma aldeia em extinção O livro não era escrito em português Mas guardava em suas páginas a fórmula para ressurreição Se a lei é contra a paz sou capaz de ir contra as leis E voltei de lá com o livro na minha mão A TV e os jornais prometiam recompensa Pra quem encontrasse o pensa e desse localização Corri pro cemitério com o sério objetivo De ressuscitar o cacique que mataram na prisão
Apaga a fumaça da pistola do revólver Chama o bom cacique, que o bom cacique resolve Todo mundo sabe bem o que ele já dizia Acende puxa prende passa e sente a maresia
Brisa, eu vou na brisa Brisa, eu vou na brisa
Nas páginas sagradas Não tinha frase nem palavra quase nada Só um enigma numa pintura indígena Tem um pajé que manja Da sabedoria xamãnica Lá na selva amazônica Mas não deu pra chamar Pra decifrar o mistério do universo Terra fogo água e ar Eu chamei o xamã que tem o poder do verso
Aí compadre tá chegando o xamã nessa missão Pra reduzir a passagem do busão Toda vez meus parentes seguem sendo assassinado Nós só queremos nosso território demarcado O cacique chegou trazendo novidade Mataram o pataxó no ponto cego da cidade Calibre 12 na cara do Brasil Idade 14 pata que me pariu Mais um camelô sagaz do Rio de Janeiro Carteira de trabalho músico olho vermelho Respeita quem chegou primeiro amigo tu de bangu Quem vem de fora aqui é estrangeiro da sul Urucum na pele, arco, flecha meu flow que fere Avisa a megan que não sou machine gun kelly Sou gabriel pensador, desde a sexta série Eu quero o mundo mas as vezes o mundo não me quer
Apaga a fumaça da pistola do revólver Chama o bom cacique, que o bom cacique resolve Todo mundo sabe bem o que ele já dizia Acende puxa prende passa e sente a maresia
Brisa, eu vou na brisa Brisa, eu vou na brisa
Quando voltou à vida E ouviu que sua aldeia tinha sido destruída O cacique ficou mal Viu muita gente fudida na cidade e no campo buscando Uma saída para escravidão mental Pessoas se agredindo e se matando Por preconceito de gênero, etnia e por políticos Que só davam risada Era tanta ignorância, tanta intolerância e ele como? Não tava entendendo nada Encontrou uma mãe chorando por um filho Vítima da depressão, overdose De remédio controlados Nessa sociedade ansiedade faz estrago O remédio é natural Demorou ser liberada Que a venda dessa erva continua proibida Mas sua substância salvam vidas Enquanto muitas outras são perdidas Numa guerra sem sentido Que só serve pra fazer geral querer virar bandido Até o cacique quis pegar no fuzil Quando viu, que a flecha nem arranhava o caveirão O tiroteio foi intenso e muita gente caiu Quem não correu, ficou sangrando no chão Morreu polícia e bandido, aposentado, estudante Morreu criança de colo e até gestante Naquele instante ele chorou e gritou Essa merda é atrasada demais, é revoltante Saiu pra dar uma volta e acendeu um da paz Pra meditar, porque ninguém se revolta E o playboy chegou metendo o maõzão Querendo dar um tapinha Mas levou logo um tapão Que isso cacique, acende puxa prende passa Tá bom, mas esse tapa foi pra tu ficar esperto Respeita quem chegou primeiro e papo reto Devolve tudo pro nativos que isso aqui não deu certo
Apaga a fumaça da pistola do revólver Chama o bom cacique, que o bom cacique resolve Todo mundo sabe bem o que ele já dizia Acende puxa prende passa e sente a maresia
Brisa, eu vou na brisa Brisa, eu vou na brisa
Apaga a fumaça da pistola do revólver Chama o bom cacique, que o bom cacique resolve Erva no cachimbo, cochilou cachimbo cai Chama no sinal de fumaça que a gente vai
Compositores: Gabriel o Pensador, Keviin, Lulu Santos, Xamã