Cara feia... pra mim é fome E cara alegre é a cara de quem come Cara feia... pra mim é fome E cara alegre é a cara de quem come
É, não me distraí, não me distraí Me deixa aproveitar a sensação um pouco mais A sensação de esperança que invadiu o meu peito Não me envergonha com esse velho preconceito Não me atrapalha agora não, por favor Não me apavora com as notícias do terror O seu terror psicológico e as previsões sinistras dos seus mapas astrológicos Não vão fazer o papai aqui fazer pipi na cama Não sou do tipo que tem medo de sair da lama Nós não somos covardes E nunca é tarde pra cuidar de quem a gente ama A gente sabe se amar, a gente sabe se amar, a gente sabe da vida
A gente sabe somar, e quer saborear a soma dividida A gente sabe se amar, a gente sabe se amar, a gente sabe da vida A gente sabe sonhar, e desse sonho a gente não duvida Cara feia... pra mim é fome E cara alegre é a cara de quem come Cara feia... pra mim é fome E cara alegre é a cara de quem come
E quem não mata a fome, a fome mata Quem não mata a fome some; quem não mata a fome, a fome come (A fome não é só um nome) E tem também a outra fome, fora do abdômen Cara feia... eu vi na cara de um cara que matou um homem, por causa dessa outra fome Fome de vingança, vingança do destino E essa cara eu já vi na cara de um menino E os meninos assassinos vão se renovando E vão nascendo, vão morrendo e vão matando É que eles pensam que o crime é o único caminho Pra chegar em qualquer tipo de comando Mas se os meninos forem mais malandros Vão saber que ser trabalhador não é ser otário Um bom exemplo vem da nossa presidência Porque lá quem tá mandando é um operário
Refrões
Não faça cara feia de barriga cheia Não faça cara feia de barriga cheia Não faça cara feia de barriga cheia Nem meta a colher em cumbuca alheia Quem deixa um pé atrás Nunca chega na frente Quem tem medo do futuro Vira escravo do presente Não me enche com essa fome de derrota Nem me bota nesse time que defende o pessimismo Agora eu sei, cansei da linha burra que separa, desune E empurra todo mundo pro abismo O caminho é mais pro alto No mar e no sertão, na favela e no asfalto Todo mundo sente fome, fome de futuro Pra que pichar, se eu posso derrubar o muro? Não é com tanque, nem com trator Não é com ódio, nem com rancor Não é com medo, nem com terror Minha campanha também é paz e amor.
Compositores: Arnolpho Lima Filho (Liminha), Gabriel Contino (Gabriel O Pensador) ECAD: Obra #1064588 Fonograma #588961