E todos os meus nervos estão a rogar E todos os meus órgãos estão a clamar E uma aflição medonha me faz implorar O que não tem vergonha, nem nunca terá O que não tem governo, nem nunca terá O que não tem juízo
O que será que lhe dá O que será meu nego, será que lhe dá Que não lhe dá sossego, será que lhe dá Será que o meu chamego quer me judiar Será que isso são horas dele vadiar Será que passa fora o resto do dia Será que foi-se embora em má companhia Será que essa criança quer me agoniar Será que não se cansa de desafiar O que não tem descanso, nem nunca terá O que não tem cansaço, nem nunca terá O que não tem limite
O que será que será Que dá dentro da gente e que não devia Que desacata a gente, que é revelia Que é feito uma aguardente que não sacia Que é feito estar doente de uma folia Que nem dez mandamentos vão conciliar Nem todos os ungüentos vão aliviar Nem todos os quebrantos, toda alquimia Que nem todos os santos, será que será O que não tem governo, nem nunca terá O que não tem vergonha, nem nunca terá O que não tem juízo
Compositor: Francisco Buarque de Hollanda (Chico Buarque) ECAD: Obra #2074187 Fonograma #811254