Pobre maravilhosa santa beleza Que a pródiga mãe natureza Em berço até quando calma, até quando calmo, nos concedeu
Pobre esplendoroso sonho riqueza De cabo a rabo grandeza Envolta em diáfano véu que o curupirá comeu Entusiasmante bravata Diamantes ouro e prata Trocados na taba tupi Por paetês lantejoulas Balangandans e missangas Cangas, tangas, zangas, mangas pros lápis de sapoti
Deita na rede e espera em vão O despertar da montanha num grito de dor O espreguiçar do deus do trovão E o uivo alerta do cara de cão
Muda a seca garganta que foi cachoeira Exuberante altaneira Onde a virgem selva ainda farta e nua veio se banhar
Espreita hoje a triste clareira onde a dança tenta aquecer o gentio Ô brava gente insoneira Fogo agora fagulha contida, cercada no seu propagar
O cravo, o cacau, a canela O sorriso da mulata E o sono dos cafezais
Na emocionante aventura Da eterna chegada no porto das vidas acidentais Deita na rede e espera em vão
O despertar da montanha num grito de dor O espreguiçar do deus do trovão E o uivo alerta do cara de cão
Repousa os olhos cansados de ver horizontes A cata das nuvens que o vento Não deixa passar, não deixa passar para aguar o sertão Tenta cortar da visão indolente da vida Sem permitir que a ferida Seja pelo invasor fechada com a mão
Deita na rede e espera em vão O despertar da montanha num grito de dor O espreguiçar do deus do trovão E o uivo alerta do cara de cão
Pobre maravilhosa santa beleza Pobre esplendoroso sonho riqueza
Compositor: Luiz Gonzaga do Nascimento Junior (Gonzaguinha) ECAD: Obra #138714