A estrela torta da espora, boca da noite desceu cadente Metendo os dente, contra as costelas do colorado Fechou o céu, escureceu, e eu firmei meu posto A contragosto, que eu vinha lindo, de chapéu tapeado.
Quem que mandou, querer por conta desencilhar Sem me deixar, nem apeiar, ou descer ligeiro Foi resolver, mais outra vez, arrastar minhas garras Agora por farra, vai me levar, que eu sou caborteiro.
Meu colorado as vez parece que esquece a doma Quando se assoma com a alma ruim dos potro veiaco Um dia desses, me errando coice, se estendeu pra fora Me entortou a espora do pé direito e arrancou um taco.
Agora eu vinha, num tranco estradeiro de bota nova Primeira sova, couro de capincho, cosa bem feita E o colorado mudou o trancão, e agachou o toso E por baldoso, me entortou de novo a espora direita.
Mais hoje a história, por bem ou mal, já foi diferente Firmei os dente, uns sete ou oito, dos que restaram Contra a barrigueira e couro grosso do colorado E de chapéu tapeado, abanei o pala pros que olharam.
Mais aí que a sorte de quem se estriva, vai água abaixo Foi-se o barbicacho, e o chapéu tapeado boleou pro chão... E o colorado ainda pisa a copa do meu aba larga Daí sim fiz carga, e entortei a outra, firmando o garrão.
Compositores: Jose Everson da Silva Silveira (Everson Mare), Paulo Henrique Teixeira de Souza (Gujo Teixeira) ECAD: Obra #3535556