Meu poncho emponchava lonjuras Batendo água. Eas águas que eu trago nele Eram pra mim. Asas de noite em meus ombros Sobrando casa. Longe "das casa" ombreada A barro e capim.
Faz tempo que eu não emalo Meu poncho inteiro. Nem abro as asas de noite Pra um sol de abril. Faz muitos dias que eu venho Bancando o tino. Das quatro patas do zaino Pechando o frio...
Troca um compasso de orelhas a cada pisada. No mesmo tranco de várzea que se encharcou. Topa nas abas sombreras, que em outros ventos 'guentaram' as chuvas de agosto que deus mandou
Meu zaino garrou da noite O céu escuro. E tudo o que a noite escuta É seu clarim. De patas batendo n'água Depois da várzea. Freio e rosetas de espora No mesmo trim!
Falta distância de pago E sobra cavalo. Na mesma ronda de campo Que o céu deságua. Quem tem um rumo de rancho Pras outras quatro patas Bota seu mundo na estrada Batendo água!!
Porque se a estrada me cobra, pago seu preço. E desabrigo o caminho para o meu sustento. Mesmo que o mundo desabe num tempo feio Sei o que as asas do poncho trazem por dentro
Compositores: Luis Rogerio Marenco Ferran (Luis Marenco), Paulo Henrique Teixeira de Souza (Gujo Teixeira) ECAD: Obra #30964432 Fonograma #10939335