Idson Ricart
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A Saga do Cabo Júlio Gusmão

Idson Ricart


Macaco Júlio Gusmão
Viva pelas estradas
Pensando armar emboscada
Pra ‘derribar’ Lampião
Mas ao ver a jagunçada que a menos de meia légua
-cabra véi fí duma égua – já gritava Lampião!
- Vou fazer o teu caixão de folha de bananeira, vou arrancar o teu couro
Se tu me falar besteira. Seu corno minha peixeira ta doida pra te lascar,
Vai logo passa pra cá, deixa as calças arriada que agora eu vou te capar!

O cabra desesperado se valia de oração, pedia por todos os santos
Pro Padre Ciço Romão, olhando pro cangaceiro,
que lhe olhava inteiro, azedo feito limão.
Foi logo de mão na cara do cabo Júlio Gusmão!
Que outra vez caiu no chão, os pés de lampião beijou,
Rezou, pediu, implorou: - Por favor me mate não,
Se o senhor quiser me cape e dê meus ovos pr’este cão!

Lampião nem esperou passou-lhe a faca amolada na goela
Do cabo Júlio Gusmão!
O sol explodiu em sangue e o dia escureceu,
Não sei se o cabo pro céu subiu, ou pro inferno se desceu,
Eu só sei que nesse dia inté neve caiu em riba do sertão, sertão...

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