Eu vou dizer: Meu silêncio é um grito Que vem de fora pra dentro Sem provocar muito atrito. Vou continua dizendo Aquilo que nunca dito, Um dizer de quem diz algo. Algo que nunca foi dito.
Eu vou dizer: O nada é um mistério. Se o tudo fosse o nada, Ninguém levaria a sério. Nem tudo no tudo tem, Se do nada, nada vem, Não entendo quase nada apenas o que convém.
Eu vou dizer: O amor que vai nascer Se alimentará do ódio Pra ninguém não entender. E se quiseres entender terá que interpretar. Como a pedra que despedra Acaba por revelar.
Eu vou dizer: O presente é um muro, Mas se subo em cima dele Dou um pulo pro futuro. E continuo caminhando no percurso Da existência E vejo um velho debatendo Com a própria consciência.
Eu vou dizer: Meditando no infinito Vi o meu passado torto Procurando direção. Estou na quarta dimensão, E vi o tempo chorando Com dois olhos te olhando guiados pela razão.
Eu vou dizer: Antes de mover a dama Já pensava em te dar cheque, Mas você mudou a trama. De um pensamento a outro Por quantas casas passei, De bispo tomei a torre E você derrubou o rei.
Eu vou dizer: Pedro álvares de cabral, O brasil já existia antes de chegar sua nau.
Eu vou dizer: Vou cantando o que eu quiser. Vou cantar a tua filha, Tua mãe tua mulher.
Eu vou dizer: Mão de vaca com buchada, Tripa de porco, cuscuz, ‘sarrabúi’ com panelada.
Eu vou dizer: Couro de cobra curtido, Mulher que tem dois maridos Um deu pra chupar dindim.