Morreu o Preto guasqueiro num ranchito de arrabalde Assim ouvi a noticia lá na venda da Constância Foi se entrevando da vida que nem saia do rancho. Dizem que foi por desgosto de ter saído da estância.
Ala pucha meu parceiro, quem diria um fato desses, Morrer num rancho do povo tipo flete gaioteiro. Até entendo meu patrício que a volta se pare braba, Viver sem “mirar a lejo” não é vida pra um campeiro.
Malgrada sorte maleva que aparta os homens do campo, Pois as cordas se estragando e os pelegos punilhados Provocam chagas no peito que são letais à um campeiro Que fica a morrer aos poucos ao se lembrar do passado.
Dizem que no fim dos dias quando já nem mais falava No oitão do rancho parava a buscar réstias de sol Mirava alguém de a’cavalo e uma lágrima corria E se sumia no lenço mais vermelho que o arrebol.
Por certo o preto guasqueiro como outros tantos do campo Que minguaram seus encantos nos arrabaldes do povo Voltem a ter o retovo brotando qual primavera Na amplidão de outras terras pra ser do campo de novo.
L/M IGOR SILVEIRA
Compositor: Igor Alexsander Silveira Correa (Igor Silveira) ECAD: Obra #3159205