Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto Pra você parar em casa, qual o quê! Com seu terno mais bonito, você sai, não acredito Quando diz que não se atrasa; Você diz que é operário, sai em busca do salário Pra poder me sustentar, qual o quê!
No caminho da oficina, há um bar em cada esquina Pra você comemorar, sei lá o quê! Sei que alguém vai sentar junto, você vai puxar assunto Discutindo futebol, E ficar olhando as saias de quem vive pelas praias Coloridas pelo sol. Vem a noite e mais um copo, sei que alegre " ma non troppo" Você vai querer cantar; Na caixinha um novo amigo vai bater um samba antigo Pra você rememorar.
Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança Pra chorar o meu perdão, qual o quê! Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida Pra agradar meu coração; E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado Como vou me aborrecer, qual o quê! Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato E abro meus braços pra você.
Compositor: Francisco Buarque de Hollanda (Chico Buarque) ECAD: Obra #8014373 Fonograma #933531