Olhando a terra esquecida ainda me lembro Foram lindos dias, final de setembro Uma esperança nascia no peito A gente preparava a terra para a plantação O pranto do céu encharcava o chão E o ribeirão saía do leito
À tarde a buscar o peixe na água barrenta A noite fechava com nuvens cinzentas Sinal que amanhã vai chover outra vez Feliz a gente esperava a planta brotar E o cheiro de verde invadia o ar Cobrindo a terra sem ter timidez
Pego na mão do destino Volto a ser menino, preciso sonhar Me levo de volta ao passado Nos anos dourados eu quero brincar
Aonde anda a ciganinha Que traçou as linhas do meu coração? Adivinhou a minha sorte Mas não viu que a morte voltava ao sertão
Aqui na cidade a fome está tirando vidas O dono da terra não planta comida E o boi que ele engorda é para exportação O verde que cobre o chão hoje é só capim Na terra ociosa só se vê cupim No lugar que a gente plantava feijão
Agora trocaram lavoura pela invernada E o sonho se foi no fio da enxada E o homem do campo deixou o sertão Hoje somos imigrantes da periferia E o velho sonho morre a cada dia De ainda se ter um pedaço de chão
Pego na mão do destino Volto a ser menino, preciso sonhar Me levo de volta ao passado Nos anos dourados eu quero brincar
Aonde anda a ciganinha Que traçou as linhas do meu coração? Adivinhou a minha sorte Mas não viu que a morte voltava ao sertão
Compositores: Ademar Benedito dos Santos (Itamaraca), Carmen Irene Pantaroto (Carminha Pantaroto) ECAD: Obra #123535