Ivan e Júlio
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Herói Destemido

Ivan e Júlio


Sentei na beirada da velha estrada
margeando a mata na encosta da serra
Na minha paragem eu olho a pastagem
e noto a vantagem que tem essa terra
Capim que é viçoso no solo argiloso
que o meu pai saudoso fez um bananal
Agora a baixada virou invernada
e vejo a vacada no cocho de sal

No tronco caído de um velho angico
eu pensei comigo o tempo que faz
Da nossa morada não vejo mais nada
do nosso passado nem sequer sinais
Por ser agregado e o patrão desalmado
se viu obrigado meu pai se mudar
A renda que vinha pras bocas
que havia um jeito não tinha de se alimentar

Lembrei de criança meu tempo de infância
de quanta pujança que tinha meu pai
Sua face marcada da luta incansada
que teve na enxada da mente não sai
Como é que podia ter tanta alegria
que sempre trazia à tardinha ao voltar
E sem sofrimento ele achava tempo
naquele momento com os filhos brincar

Um rancho de palha e parede de adobe
foi o que aqui pôde minha mãe possuir
Mas era encantada, não pediu mais nada
do que a meninada que Deus permitir
Como ela adorava nos assar biscoito
nós éramos oito sem o que morreu
Quatro moçoilas e um fora de hora
dos três na escola o mais velho era eu

A triste partida me abre as feridas
quando a despedida eu volto a lembrar
Mamãe na saída conforta as crianças
mantendo esperança que vai melhorar
Na carroceria eu junto aos brinquedos
um pouco de medo de tudo enfrentar
Mas tinha comigo o herói destemido
meu pai, meu amigo, me ensinou lutar!

Compositores: Ivanildo Francisco de Souza (Ivan Souza), Julio Cesar Borges Garcia (J. Cesar)
ECAD: Obra #10759563 Fonograma #30752048

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