Sentei na beirada da velha estrada margeando a mata na encosta da serra Na minha paragem eu olho a pastagem e noto a vantagem que tem essa terra Capim que é viçoso no solo argiloso que o meu pai saudoso fez um bananal Agora a baixada virou invernada e vejo a vacada no cocho de sal
No tronco caído de um velho angico eu pensei comigo o tempo que faz Da nossa morada não vejo mais nada do nosso passado nem sequer sinais Por ser agregado e o patrão desalmado se viu obrigado meu pai se mudar A renda que vinha pras bocas que havia um jeito não tinha de se alimentar
Lembrei de criança meu tempo de infância de quanta pujança que tinha meu pai Sua face marcada da luta incansada que teve na enxada da mente não sai Como é que podia ter tanta alegria que sempre trazia à tardinha ao voltar E sem sofrimento ele achava tempo naquele momento com os filhos brincar
Um rancho de palha e parede de adobe foi o que aqui pôde minha mãe possuir Mas era encantada, não pediu mais nada do que a meninada que Deus permitir Como ela adorava nos assar biscoito nós éramos oito sem o que morreu Quatro moçoilas e um fora de hora dos três na escola o mais velho era eu
A triste partida me abre as feridas quando a despedida eu volto a lembrar Mamãe na saída conforta as crianças mantendo esperança que vai melhorar Na carroceria eu junto aos brinquedos um pouco de medo de tudo enfrentar Mas tinha comigo o herói destemido meu pai, meu amigo, me ensinou lutar!
Compositores: Ivanildo Francisco de Souza (Ivan Souza), Julio Cesar Borges Garcia (J. Cesar) ECAD: Obra #10759563 Fonograma #30752048