Eu saí pela porteira do mundo em felicidade Só levando na algibeira a danada da saudade Entrei num lugar estranho, que eles chamam de cidade Com tanta mentira solta que assustou minha verdade Me chamaram de matuto, perguntaram para mim Porque sou tão diferente, se tem gente de onde vim
E fizeram uma zoeira, quando viram minha mala Desdenharam a minha roupa, da botina nem se fala Porque riram da camisa, só porque não é de malha? Minha calça de xadrez e do meu chapéu de palha Me chamaram de matuto, não quiseram nem saber Se o gosto que eu tenho, é direito alguém ter
Pra roubar minha carteira que dentro não tinha nada Vieram com uma baboseira, e uma tal prosa fiada Me empurrando com a barriga me tomando por otário Mas carrego em minha meia o dinheiro do salário Pois sabia que o mundo é maior, isso aprendi De bobo não tenho nada, não foi ontem que nasci
Vou voltar pra capoeira, onde a roça é plantada Só tinha vindo aqui mesmo, foi dar uma passeada Eu não fui bem recebido, mas vocês tão enganados Hoje volto bem tranquilo, nem um pouco magoado Se não fossem os matutos pra vocês seria o fim Será que seus alimentos plantariam no jardim?
Se não fossem os matutos pra vocês seria o fim Será que seus alimentos plantariam no jardim?
Compositores: Ivanildo Francisco de Souza (Ivan Souza), Julio Cesar Borges Garcia (J. Cesar) ECAD: Obra #10916693 Fonograma #30752050