Eu vi com meus próprios olhos Foi num circo de rodeio Na chegada dos peões Que vieram pro torneio Soltaram tanto foguete Que fizeram um bombardeio Na hora da montaria Que o negócio ficou feio Soltaram um burro famoso Que nem sei de onde veio Era só sentar no lombo Cada pulo era um tombo Ninguém esquentou o arreio
Surgiu um moço granfino Do meio da multidão Pelo traje eu que era Um homem de posição Cabelos bem penteados E roupa de exportação As unhas todas esmaltadas E anel de ouro na mão Pra montar naquele burro Foi pedindo permissão Pode ser que eu também caia Mas pretendo dar trabalho Pra fama desse burrão
Os peão que beijou a terra Falaram com precisão Os granfinos da cidade Quando quer bancar o peão Não para nem amarrado No lombo de um pagão Se esse granfino montar Pode preparar o caixão O burro tirou do lombo Barbado da profissão Não foi um e nem foi dois Vamos ver o pó de arroz Bater a cara no chão
O granfino entrou na arena Calçou a espora de prata Jogou o paletó na cerca E apertou bem a reata Sentou no lombo do burro Bambeou o nó da gravata Cortou o burro na espora E foi batendo de chibata O burrão caiu de costas Levantou as quatro patas O moço saltou de lado E o burro ficou deitado Entregue para as baratas
Ganhou aplausos do povo Ganhou beijo das meninas O granfino contou a vida Bebendo numa cantina Eu já fui peão de fama Lá no Estado de Minas O dinheiro do papai Que mudou a minha sina Eu tenho na minha casa Diploma de medicina Tô morando na cidade Mas sinto grande saudade Que até hoje me domina
Compositores: Francisco Gottardi (Sulino), Moacyr dos Santos ECAD: Obra #6236 Fonograma #253744