A cruz cravada no chão Assistiu solita e calada A Pátria sendo formada E sua evolução Quando tronou o canhão A nação estremeceu Santa Cruz não pereceu Para que o futuro soubesse Porque o índio padece O pouco que não morreu
Quem sabe até foi trincheira De um mercenário tirano Que matou algum hermano Numa mirada certeira Na capital missioneira Como se inimiga fosse Mas a cruz nunca curvou-se Até hoje está altiva Mantendo a memória viva De um povo que dizimou-se
Quando o sol numa centelha Por entre seus braços vara A sombra espicha, dispara Deita na terra vermelha Como alguém que se ajoelha Meditando numa reza Pedindo à terra que preza Que nunca mais se repita Aquela guerra maldita Com morte, o que mais despreza
De pedra fria é a cruz Solita lá no relento Ouve no assobio do vento Quando a noite engole a luz Voz do povo de Jesus Que morreu por ter querência E por ela uma consciência De não deixá-la por nada Ficou só a cruz plantada Pra toda a nossa existência
Quem somente pedra vê Tem no peito uma frieza Vivendo na incerteza Sequer em seu mundo crê Não tem consciência nem lê Em livro jamais escrito No verso menos bonito Que não ganhou corredor Só a voz de um pajador Que guitarreia solito
Compositor: Paulo De Freitas Mendonça / Luiz Marenco