O sal guardado em gotas sentidas Mescla o suor do couro pelo fio da faca Riscando o picaço, sacando as potreiras Que entregou a vida em uma rodada
O pulso lateja na perna sentida Quebrado na lida, restou as de potro Te mando um regalo enlutado de dor Se foi meu pingaço da marca de flor
Entrego a saudade deste meu pingaço Que vai bem guardada na garrão de potro E nela os recuerdos deste meu parceiro Pois sai de um amigo para entregar a outro
Nos tempos de aparte com o touro no laço Num costeio fronteiro, arrouxava o picaço Ajustava o "maromba" na poeira do rastro O meu potro é um palanque cravado no pasto
A morte clareou teu cisma estreleira Pois a luz da boieira que brilha no espaço Nublou seu clarão por não ver refletida Sua cópia dormida na testa do picaço
A guilhada da saudade Num sentimento enlutado Cutuca o peito apertado Quando um manso perde a vida Pelos caprichos da lida O acaso ajustou o pealo Vão-se os buenos, vão-se os malos Mas tua história renasce Pois um par de potreiras nasce Com a morte do meu cavalo