Eu era da roça mudei pra cidade Mas trouxe a saudade entranhada no peito Meu jeitão caipira o modo de falar Não dá pra negar a raiz não tem jeito Às 8 da noite eu deitava era cedo Nunca tive medo do trabalho duro As 5 eu já estava no curral suado Com o leite tirado 100 litros do puro Meu pai a essa hora todo empoeirado Milho descascado quase tudo pronto Mamãe coitadinha acordava na frente Cafezinho quente já estava no ponto
Toda tarde eu ia no rio bem pertinho Pegar uns peixinhos para comer com arroz Na volta quem sabe um mutum de bobeira Com minha cartucheira não tinha depois Domingo na venda todo mundo estava Era lá que eu dava uma de cantador Bebia por conta não pagava nada Ninguém me deixava porque eu era o cantor Se eu pudesse um dia voltar ao passado O cheiro do gado em volta do cocho Meus bois de carro o marreco e o navegante O meu cão turbante e o meu cavalo roxo
Eu não tive estudo não tenho diploma É coisa que soma pra quem quer sossego Meus calos nas mãos meu rosto envelhecido Não é nem motivo pra me dar emprego Lá minha palavra era uma assinatura Na confiança pura, mas eu não reclamo Aqui eu não tenho aparência de artista No ponto de vista de quem é do ramo Foi lá que aprendi ser o homem que sou Nas voltas que dou ainda não conheci Um lugar um mundo melhor do que aquele Se Deus tem é dele não é nesse aqui
Aquilo que era vida de verdade A felicidade era coisa constante Eu nunca negava um favor a ninguém E a gente também ganhava a todo instante Eu nunca perdi a uma festa de reis Todo dia 6 de janeiro eu sabia Começava aos 25 de dezembro Ainda me lembro a toada da folia Também nunca ficava sem namorada Sempre bem trajado eu andava na linha No final do ano o sorriso era aberto O lucro era certo essa é a vida que eu tinha
Compositores: Jose Ferreira dos Santos (Jandel), Silvander Polese Zavarise (Jander) ECAD: Obra #1690513 Fonograma #1310728