Há muito que aqui no meu peito Murmuram saudades azuis do teu céu Respingos de ausência me acordam Luando telhados que a chuva cantou O que é que tens feito Que estás tão faceira Mais jovem que os jovens irmãos que deixei Mais sábia que toda a ciência da terra Mais terra, mais dona do amor que te dei
Onde anda meu povo, meu rio, meu peixe Meu sol, minha rêde, meu tamba-tajá A sesta o sossego da tarde descalça O sono suado do amor que se dá E o orvalho invisível na flôr se embrulhando Com medo das asas do galo cantando Um novo dia vai anunciando Cantando e varando silêncios de lar
Me abraça apertado, que eu venho chegando Sem sol e sem lua, sem rima e sem mar Coberta de neve, lavada no pranto Dos ventos que engolem cidades no ar Procuro o meu barco de vela azulada Que foi de panada sumindo sem dó Procuro a lembrança da infância na grama Dos campos tranquilos do meu Marajó
Belém minha terra, minha casa, meu chão Meu sol de janeiro a janeiro a suar Me beija, me abraça que quero matar A doída saudade que quer me acabar Sem círio da virgem, sem cheiro cheiroso Sem a "chuva das duas " que não pode faltar Cochilo saudades na noite abanando Teu leque de estrelas, Belém do Pará!
Compositores: Edyr de Paiva Proenca, Adalcinda Magno Camarao Luxardo ECAD: Obra #2922 Fonograma #4133051