Meu avô nasceu onde o sol morre E se afoga em fogo em pleno mar Onde o vento Harmattan que vem do norte Cospe rubras fagulhas pelo ar Meu avô tinha o ofício de ferreiro E quem mexe na forja é Ogum E nascendo ferreiro foi guerreiro.
Meu avô não foi qualquer um Não foi qualquer um, não foi qualquer um.
Uma noite no Golfo de Benin Galeotas, galeras, galeões Desembarcaram mercadores Corsários, nautas e canhões Vinham em busca do ouro Ashanti Simulando interesse ter nenhum Meu avô olhou dentro dos meus olhos.
Meu avô não foi qualquer um Não foi qualquer um, não foi qualquer um.
Meu avô descobriu pros navegantes Os dosséis do Songhai e do Mali E lhes presenteou com sua alma Entalhada em ébano e marfim Revelou lindos bronzes do Ifé E a grandeza infinita de Olorum Meu avô conversava com Ifá.
Meu avô não foi qualquer um Não foi qualquer um, não foi qualquer um.
Mas um dia esse avô foi barganhado Por um bacamarte de metal Três alfanjes, um chapéu rendado Uma duas fiadas de coral Mais um rolo de folhas de tabaco Seis retalhos e três galões de rum Isso e mais vinte e três lenços de linho.
Meu avô não foi qualquer um Não foi qualquer um, não foi qualquer um.
Compositores: Nei Braz Lopes (Nei Lopes), Leonardo Bruno Ferreira (Leonardo Bruno) ECAD: Obra #219916 Fonograma #21092120