Cada vez que o sol desponta erguendo um rubro pñuelo minh'alma vai lá prá fora como uma estrela por sinuelo e se perde nas coxilhas e várzeas que sempre ando só se encontra ao fim da tarde no galpão desencilhando
Parece que a alma inteira tem sombras de corunilha por entre campos extensos floridos de maçanilha por certo também tem noites com o luzir de uma estrela aquerenciada aos olhos de quem tem olhos pra vê-la
Vou transpassando meu tempo e as ânsias redomonas num verso escrito à lápis sobre a caixa da cordeona me encontro num chamamé quando a saudade me bate ponteando a alma em floreios nos intervalos do mate
Só quem já teve nas botas unhadas de japecanga epitangueiras floridas junto às barrancas da sanga consegue ter pela alma flores brancas e espinhos e olhas d'água de campo prá seus extensos caminhos daí então à flor da terra onde o destino floresce é que guardei uma imagem que o olhar jamais esquece é que lá fora as manhãs tem som de gaita em floreio e eu me vejo campereando pela invernada do meio
Compositor: Leonel da Silva Gomes (Leonel Gomes) ECAD: Obra #216919 Fonograma #1272060