Cavalo Bueno se faz criado a campo Pastando trevo pisoteando nas flexilhas Não sarna o lombo nas geadas de agosto Pois um campeiro sabe quando desencilha Leva nas patas o domínio das distâncias Sabe de sobra quando abre pra laçar Cincha solito num serviço campo a fora Nas vezes tantas que o campeiro precisar.
Nunca rejeita milho novo no bornal Vem comer sal até na palma da mão Mastiga o freio quando vê que tem forquilha Para de pronto com ?maturrengo? no chão Nunca destrilha numa reta de campanha Buscando a ponta sem o braço levantar Na cancha reta de tantos perdes e ganha Não perde nunca ?se tem pata pra ganhar?.
Não é preciso um convite das esporas Pressente a lida no retoco da cuscada E quando as garras se renovam num Domingo É flor de pingo a trotear de cola atada Não desconhece os caminhos de um bolicho Quando um cambicho me tenteia num olhar Seca badana esperando na porteira Conserva o tranco se a carga redobrar.
É meu cavalo como tantos na querência Quando a ciência que educa sai correta Está no sangue dessas tropilhas crioulas E no capricho de quem doma se completa Se pega a campo na hora que bem entenda Bicho cuidado não aprende a matreirar Acusa o dono na alegria de um relincho Que por amigo aprendeu a confiar.