Jari Terres
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Quando Canto uma Milonga

Jari Terres


Quando canto uma milonga
Com o silbido do vento
Eu transporto sentimento
Pro alambrado da guitarra
Com duetos de cigarra
Meu purajei se entrelaça
Ponteando a história machaça
Pra o corredor da garganta
Legendas da minha estampa
Florão do garbo da raça

Quando canto uma milonga
Eu ouço o choro do arreio
E o aroma do pastoreio
Bordado de maçanilha
Sobre o altar da coxilha
Onde o verso campeador
Com cismas de ser pastor
Quer se juntar na invernada
Sem sombras de maneador

Meu canto é a biografia
Que traz relato da pampa
De touro chairando guampas
De alçados sem costeio
De domadores e tropeiros
Romanceando estradas longas
Até que a boeira se ponga
Pra outro canto dos galos
Por isso me sinto a cavalo
Quando canto uma milonga

Quando canto uma milonga
Minh'alma vem para os dedos
Repontar os meus segredos
Invernando nas ilhargas
Qual entrevero de carga
Trançando lanças no espaço
Meus dedos ponteiam o braço
Sobre as cordas candongueiras
Que são tentos de fronteira
Aguentando o cinbronaço

Quando canto uma milonga
Num verso de cola atada
Ressucito a madrugada
Entre tições de fumaça
E o meu verso se adelgaça
Pra ficar melhor de encilha
Sai o ronco da virilha
Fica a força do potreiro
Pra pechar rima em rodeio
Nos campos da redondilha

Compositores: Jari Lourenzo Terres Junior (Jari Terres Jr.), Luis Andre da Silva Oliveira (Andre Oliveira)
ECAD: Obra #483188 Fonograma #998551

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