A triste seca já voltou E a asa-branca agorou e já bateu a asa Plantação defunta no oitão de casa O chão em brasa A triste seca já voltou
Ô arco-íris, sopre um vento colorido Que o verde do teu vestido se espalhe na plantação, Que o amarelo seja puro e adocicado, E que a brancura seja a cor da floração, E que o vermelho sejam flores parecidas Com os beicinhos das luzidas, “caboquinhas” do sertão
Que não se veja um sertanejo se ajoelhando Pedindo chuva perante cristos sonolentos Que não se veja um solo rachado e sedento Que sem sustento, às vezes se ajoelhando Que não se veja baraúna jejuando, Chorando folha numa paisagem sedenta Que não se veja fila de latas sedentas, Salário d’água matando a sede matando
Ô arco-íris, sopre um vento colorido Que a fita do teu vestido faça uma festa de cor Eu quero ver resina de catingueira Ser o chiclete na boca do meu amor E que a sanfona toque um xote na colheita Pra dança das borboletas enfentadeiras de flor
(quem vive pelo sertão já vive sertanejado Pois a chuva não choveja, nem troveja no serrado E o sertanejo valente guarda sempre uma semente Pro inverno abençoado)