Nesse sertão de vaqueiro, Chapéu de couro e gibão Uma tá de manicure Ou pintadeira de mão Cum seu trabaio pustiço Deu o maió ribuliço Nas matuta do sertão.
Esse salão de beleza Incaicô com liberdade O botão da safadeza Junto com o da vaidade.
Gente de cabelo duro Saiu feito poico ispim Mulé do cabelo bom Saiu cum o cabelo rim.
Vi nega de capacete Cum os dedos dento dum môi Vi pintamento de beiço De cabelo e até de oio.
Guaribação de bochecha Pra limpar cara de jaca Aparamento de unha Tiramento de inhaca Baibeadô de suvaco Vi tapadô de buraco Disfaçadô de ressaca.
Vaqueiro fazendo unha Foi minha grande surpresa! Sentou-se no mei das feme Deixou de lado a macheza.
Viúva do mermo dia Se alegrou da tristeza E pra fugir do enpêrro Logo depois do enterro Foi pro salão de beleza.
A fama da manicure Desceu de sertão a fora Matuta que conhecia Só brilhantina glostora Pintou-se que nem paiaço E pra quem era um bagaço Inté que teve uma miora.
Mais o que mais atraia As damas pra maquilagem Era a mitida de pau No mundo da fofocagem.
A manicure seu moço Paricia uma navaia Cortou do alto sertão Inté a beira da praia Botou defeito nos santo Matou Neném de quebranto Jogou freguês na gandaia.
Na base da fofocagem Lucrava com garantia O salão era pequeno Pra festa da freguesia Quando o trabai começava A freguesia escutava E a manicure dizia:
?Gerome de Zé Lotero Aquilo é que ser safado Além de falso e xexeiro É mentiroso e tarado E pelo que me dissero Sendo fi de Zé Lotero Tem tudo pra ser viado!?
?Guilora de Ataíde Tão engraçada que era Hoje depois de parida Virou uma besta-fera Também o cão do marido É mago, fei e cumprido Que nem a rosa pantera.?
?O finado Rubiná Que Deus tape as suas oiça Armuçava nas panelas Mode não sujá as loiça Ah! sujeitim miserave, Fuxiqueiro e imprestave Pro ele não ha quem toiça.?
?O seu Manel Hostaliço Todo metido a ricão Passou a vida porpando Mode comprar uma mansão Hoje vei, chei de dinheiro Tem uma casa cum dez banheiro E o peste mija no chão.?
?Aquela Li varredeira Só veve de fuxicar Dá conta da vida aléia De tudo quanto é lugar Em casa farta cumida Tem quatro pia intupida Três redes pra custurar!?
?A fia de Zé Botinha Oi! Eu não gosto de falá Mas pra mim ela é chifreira E ninguém pode negá Casou-se com Chico Bento Mas já saiu cum o sargento E quatorze oficiá.?
?Minha cumade Honorina Já que os freguês foro embora Já qui nós tamo sozinha Vou lhe contá uma estora.? Sei que vós não advinha.
Esse magote de feme Que saiu quage agora São tudo quenga, chifreira, Veaca e caipora De todas aqui presente As única mulé decente Só era eu e a senhora.