Às vezes quando escuto Bem longe no chapadão O repique do berrante E o grito de peão
Saio no terreiro e vejo Lá distante um poeirão Eu sinto dentro do peito Remoer meu coração Eu vejo o burro de carga Saudade é tão amarga Lágrimas descem no chão
Vejo a boiada passando Lá de dentro do terraço Com muito espírito jovem Mas o corpo é um fracasso
Boiadeiro venha cá Quero lhe dar um abraço Pra matar minha saudade Quero pegar no seu laço Eu quero sentir o cheiro Do suor do boiadeiro Pra aliviar o meu cansaço
É triste sentir saudade Dos tempos de boiadeiro Da poeira nas estradas E os berros dos pantaneiros
Um estouro de boiada O arreio e o baixeiro Magoando o coração Do velho peão estradeiro Quando vejo atrás da porta O laço e o par de bota Eu choro em desespero
Quando olho no espelho E vejo rugas no rosto Cabelos embranquecido De quem já foi bem disposto
Sinto tristeza na vida Desilusão e desgosto Sei que estou chegando ao fim Mas já fui peão de gosto Adeus para os companheiros O velho peão estradeiro Agora perdeu seu posto
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositores: Jose Severino Balieiro (Joao Ferreira), Lino Schiravinato Filho (Lino Filho) ECAD: Obra #33016