Arrecebi uma carta Que veio lá de Pardinho Pra terminar uma empreitada Que eu peguei com Ferreirinha
Pra buscar aquele mestiço No campo do Espraiadinho Aquilo no coração Atravessou como espinho Não tinha mais companheiro Tinha que seguir sozinho
Por não ter outros vaqueano Resolvi ir no redomão Trouxe o potro na mangueira Lacei e passeio no mourão
Arriei com garantia Duas barrigueiras e o chinchão Quando eu ganhei o arreio O potro virou um leão Preguei a espora no peito Pra limpar meu coração
Sozinho pra aqueles campos Bati todos maiadô Achei o lugar fresquinho Onde o mestiço posou
Segui a batida do boi Que desceu pro bebedô O mestiço vinha vindo E de longe me avistou Alembrei no Ferreirinha E a coragem redobrô
O mestiço furioso Pro meu lado ele partiu Igual faísca de raio No potro ele investiu
Joguei o laço de tirão Que os tento até ringiu A laçada fez um oito Quando nas guampa caiu O redomão veiacava Virava de corrupio
Com o boi no chinchadô Me custou pra pôr na linha Queria limpar meu nome Também o do Ferreirinha
Terminar aquele trabalho Empreitada tão mesquinha Labutei com o mestiço Com o traquejo que eu tinha E depois de muitos trabalhos Que mostrei a ciência minha
Ao passar uma restinga O potro e o boi levei Naquele lugar tão triste Que morto o rapaz achei
Soluçando de saudade Uma cruz ali finquei Com a ponta de minha faca Estas palavras eu gravei Descansa em paz Ferreirinha Que a empreitada eu terminei
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositores: Antonio Pinheiro de Moraes (Pinheirinho), Germano Galdino ECAD: Obra #48791 Fonograma #364010