De manhã cedo, antes do galo cantar Pulo logo bem primeiro para a lida começar O meu café lá no bule já passado Feito num fogão de barro que é pro gosto apurar, apurar
Eu junto a rês num galope com meu baio Levo o trato no balaio para ordenha eu começa O leite puro com escuma no caneco Junto conhaque e desperto que é pro gosto apurar, apurar
As dez e pouco tá na hora do almoço Vou pra casa bem disposto mas não deixo de notar Cheiro de cana do alambique ali do lado Dou um trago no gargalo que é pro gosto apurar, apurar
Corro o chiqueiro, o galinheiro e o pesqueiro Trato a horta e o viveiro pra não me preocupar Pego na enxada arranco as ervas mais daninhas Apanho as frutas madurinhas que é pro gosto apurar, apurar
De tardezinha eu junto com a prenda minha Tiro ela da cozinha para a gente namorar Largo o cansaço, tiro a bota e meu chapéu Dou-lhe um beijo e vou pro céu que é pro gosto apurar, apurar
Domingo à tarde reuno meus companheiros Truvo um truco no terreiro mas não deixo nem faltar Uma cachaça que acompanha a galinhada Junto à sombra balançada que é pro gosto apurar, apurar
Truco de zape e de blefe vem a resposta “Meto seis no sete copa vejo o pato espernear” Eu “cubro toco”: “Reboque de igreja veia”! Pisco o olho e dou idéia que é pro gosto apurar, apurar
O sol nascente lá no alto lá da serra Vem trazendo a primavera eterna neste lugar No interior até onde a vista alcança De mãos dadas à esperança pra vida continuar, e apurar