João Xavi
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Suburbana

João Xavi


Caminha pela orla sem praia
Variando no estilo
Chinelo shortinho ou saia
Por mim tá sempre tranqüilo

Uma princesa
Nascida na baixada
No meio de tantos plebeus
Foi coroada
A mais bela
E o mundo gira no tempo do compasso dela
E o mundo para pra olhar
Na calçada e na janela

É ela
Que quebra a rotina
Passando pelas ruas escuras
O meu olhar ilumina

Eu vi passando pela rua da matriz, acompanhei
Vi que ia subir o morro, ai eu pirei

Era ela, a nossa mais sincera verdade
Escrita com 10 letras, misteriosa felicidade

Eu vi, no sorriso da tia preta
Na criança brincando, longe das tretas
No casal de namorados
Assim apaixonados
Em quem tem um simples sonho realizado

Eu vi, no multirão de quem constrói a própria habitação
Sem esperar de ninguém arruma sua solução
Correndo na frente porque atrás já não dá mais
Em quem vive na guerra buscando sempre a paz

Eu vi, no gol que nosso time marcou
E toda capitão salustiano comemorou
Eu vi, e tem coisas que só a gente consegue ver
E quem não é daqui não consegue entender

E todo mundo que olha de fora não vai entender
Nosso estilo de viver
De dançar e sofrer

E todo mundo que não é cria não vai entender
O porque da gente sorrir
De apanhar e insistir

Chico quando esteve aqui ficou bolado
Disse que tinha inveja da gente, ai é complicado

Sem romantismo
A vida do pobre é dificil
Miséria vira fetiche de rico
Que lê no livro

Não é só sorriso
Não é só felicidade
É viver distante
No lado b dessa cidade

Vida de bamba
Pedurado nas contas e no trem
No dia a dia o problema sempre vem

Problema e solução
No dia a dia trazem força e inspiração
Pra soltar a voz em cima da batida
Criar uma nova realidade
Melhorar a nossa vida

Pra quem faz samba
Pra quem faz a rima
São alternativas
Pra manter a auto-estima ativa

Quem canta e dança, a qualquer hora, em qualquer canto.
Encontra no balanço uma forma de vencer o pranto.

É dificil eu sigo tentando entender.
Mais que um estilo de vida.
É uma forma de sobreviver.

A felicidade é nossa.
Mas nunca vem sozinha.
A dura realidade continua aqui: nossa vizinha.

Só loucura, vida de periferia.
Ainda bem que existe o balanço, nosso som.
Funk, rap, o samba.
Que nos alivia.

E todo mundo que olha de fora não vai entender.
Nosso estilo de viver.
De dançar e sofrer.

E todo mundo que não é cria não vai entender.
O porque de sorrir.
Apanhar e insistir.

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