Joca Martins

Campesino

Joca Martins


Eu nunca afrouxei a perna pra potro que corcoveia
Me criei montando em pĂȘlo surrando sĂł nas "oreia"
E quando o matungo roda, Ă© que a coisa fica feia
Sou ligeirito no mĂĄs, sou destes que nĂŁo se enleia

Num aparte de mangueira, tanto a pé como a cavalo
Na saĂ­da de algum brete sempre botei meu pealo
E quando a prosa é demais, eu ouço muito e me calo
Me deito em altas Ă  noite, me acordo ao cantar do galo.

Quando faço um alambrado que espicho bem o arame
Se escapa o esticador o tombo Ă© que mais infame
Se danço mal o fandango não importo que reclame
Em namoro de cozinha eu sĂł me paro no baldrame.

Se me meto na carpeta pra jogar, nĂŁo jogo pouco
Se for preciso até brigo mas não entrego os meus trocos
O jogo Ă© coisa do diabo e eu sou burro quando empaca
JĂĄ levantei de uma mesa com dez cartas na guaiaca.

Meu serviço é coisa bruta que não serve pra doutor
Nem pra estes de cola fina metido a conquistador
Vivo lavrando a boi, pisando no meu suor.
Levantando alguma vaca num fundo de um corredor.

Fui criado meio xucro, um pobre peĂŁo de estĂąncia
Venho curtido de estrada de tanto encurtar distancia
Respeitando a minha estampa no amor pela querencia
Sou feito de pau a pique com o Rio Grande na consciĂȘncia.

Compositores: Jose Claudio Leite Machado (Ze Claudio), Jose Teodoro dos Santos Junior (Junior)
ECAD: Obra #29277 Fonograma #670136

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