Joe Sujera
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Sola Gasta

Joe Sujera


Um novo dia um novo teste, hipnotizo ratos sem flauta
Só com a sola gasta propagando a peste
São novas construções, alicerces corações
Talvez eu seja só mais um peixe no mar
Poluindo meus pulmões, pensando em novas formas de lutar
Aprendendo a mostrar os dentes, rosnando pros tubarões
São as mesmas missões, mudando a estratégia
O drama vira comédia nas nossas televisões
O coração migra quando a mente cria regras
Sola gasta direto da fábrica de ovelhas negras
Um salve pra quem me julga
Coleciona pulga atrás da orelha, abelha sozinha não assusta
Não sabe o tanto que custa acordar e não fazer o que da na telha
História velha, cada discurso um copo de groselha
Mas chega de me ouvir falar, sei que desgasta
Basta, vou fazer jus a sola gasta

Basta, não é sonhando que eu faço jus a sola gasta
Nem com a barba feita e com um currículo na pasta
Doutor ou cineasta, jogador ou ginasta
Um jovem letrista com sabedoria vasta
Um monstro, a multidão se afasta
Não querem nem amostra, façam suas apostas
Um mc de festa ou um poeta que contrasta com o resto
A voz rouca de um manifesto
Chega de ?asta? o tempo passa e testa
Observa pelas frestas se você não se encosta
Fazendo hora extra na vida equilibrista
Postura posta a prova, facada pelas costas
Na mira da besta que todo erro registra
Na vida de artista almoço é casquinha mista
Meu vô frases me empresta: ?no seu sonho invista?
Sorria, esquece o peso que você arrasta

Talvez não seja o que meu pai sonhou
Ou então o que minha mãe sempre quis
Mas é como minha vó me diz
?Vá pelo caminho certo ou pelo que te faz feliz?
por caminhos onde ninguém mais andou
a sola gasta foi quem sempre me levou
levanto outro me espera sorrindo é dedicação
Não ouve, não fala, não vê mas nunca deu passos em vão
Promessas não tapam meus olhos, não encurtam meus passos
Não amarram meus braços, não entortam meus traços
Linhas que entortam aço, não falsifico abraço
Malandro vacila e dorme na reta, só sobra pedaço
Na busca por espaço, luto contra o cansaço
Verdade é soco no baço, pros falso sobra o bagaço
Sei que faltam motivos pra abandonar o lençol
Mas hoje não, mano. Hoje não, porque?

Compositor: Rodrigo Joseph D Angelo Ahmar (Joe Sujera)
ECAD: Obra #35520715

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