Um dia surgiu brilhante entre as nuvens flutuantes Um enorme zepelim Pairou sobre os edifícios abriu dois mil orifícios com dois mil canhões assim A cidade apavorada se quedou paralisada pronta pra virar geleia Mas do zepelim gigante desceu o seu comandante dizendo mudei de ideia Quando vi nesta cidade tanto horror e iniquidade resolvi tudo explodir Mas posso evitar o drama se aquela formosa dama essa noite me servir Essa dama era Geni, mas não pode ser Geni ela é feita pra apanhar ela e boa de cuspir Ela dá pra qualquer um, maldita Geni Mas de fato logo ela tão coitada e tão singela cativara o forasteiro O guerreiro tão vistoso, tão temido e poderoso era dela prisioneiro Acontece que a donzela e isto era segredo dela também tinha os seus caprichos E ao deitar com homem tão nobre, tão cheirando a brilho e a cobre, preferia amar com os bichos Ao ouvir tal heresia, a cidade em romaria foi beijar a sua mão O prefeito de joelhos, os bispo de olhos vermelhos e o banqueiro com milhão Vai com ele vai Geni, vai com ele vai Geni você pode nos salvar, você vai nos redimir Você dá pra qualquer um bendita Geni
O meu amor tem um jeito manso que é só seu e que me deixa louco quando me beija a boca minha pele toda fica arrepiada E me beija com calma fundo até minh'alma se sentir beijada O meu amor tenho um jeito manso que é só seu que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos com tantos segredos lindos indecentes depois brinca comigo ri do meu umbigo e me crava os dentes
O que será que será? Que vive nas ideias desses amantes Que cantam os poetas mais delirantes Que juram os profetas embriagados Que esta na romaria dos mutilados Está na fantasia dos infelizes Está na alegoria das meretrizes No plano dos bandidos dos desvalidos E em todos os sentidos será que será? O que não tem decência nem nunca terá O que não tem censura nem nunca terá O que não faz sentido
A gente vai contra corrente até não poder resistir Na volta do barco é que sente o quanto deixou de cumprir A gente que ter voz ativa e no destino mandar Mas eis que chega a roda viva e carrega o destino pra lá
Deixa em paz meu coração Ele é um pote até aqui de mágoa E qualquer desatenção faça não Pode ser a gota d'água
Compositor: Francisco Buarque de Hollanda (Chico Buarque) (UBC)Intérprete: Francisco Buarque de Hollanda (Chico Buarque) (UBC)Músicos: Chico Batera (UBC) (Percussão), Joao Reboucas (ABRAMUS) (Piano), Jorge Helder (UBC) (Baixo), Luiz Claudio Ramos (UBC) (Violao), Marcelo Bernardes (AMAR) (Sopro), Wilson das Neves (UBC) (Bateria)Editor: Marola Edicoes (UBC)Produtor: Jcb (SOCINPRO)Publicado em 2003 (15/Mai) e lançado em 2002 (01/Ago)ECAD verificado obra #2074199 e fonograma #606983 em 12/Abr/2024 com dados da UBEM