Minha mãe teve dois filhos frutos de amor e paixão Brincamos crescemos juntos a margem do riachão O destino separou ele foi ser um doutor E eu fiquei para ser peão Hoje quando passa um carro pra cidade a rodar
Meus olhos se enchem de água e dá vontade de chorar Separação é sentença com certeza ele pensa Um dia em qualquer voltar Eu já mandei uma carta e ele me respostou Dei um aboio na serra que a boiada parou
Essa terra vale ouro Não dou meu chapéu de couro no seu nome de doutor Quando tem forró por perto uma novena ou cantoria Sinto logo sua falta era minha companhia Pensando no tabuleiro se encosta no travesseiro E ver amanhecer o dia aqui no céu azulado Vejo o vôo do gavião pelas nuvens de fumaça Ele vê o avião na luz daquela cidade Não encontro a claridade do luar do meu sertão
Eu risco no meu cavalo ele risca no papel Ele faz conta pras provas já eu conto meus troféus Faculdade não me agrada Minha luva de vaquejada eu não troco em seu anel Ele pensa em se formar já eu penso em formar pasto Ele conhece das letras do gado eu conheço o rastro
Tenho orgulho em lhe dizer Que o boi pode se perder que dá trabalho, mas acho! Cada um tem seu destino tem a sua profissão Eu nasci pra ser vaqueiro doutor é o meu irmão Assim vivemos no sonho de volta a tomar banho Nas águas do riachão
Compositor: Jorge de Altinho Assis Assuncao (Jorge de Altinho) ECAD: Obra #17533059 Fonograma #499609