Eu não sou tatu peludo Pra viver dentro da toca Mas para honrar este pago Me enterro que nem minhoca
Tapeio o chapéu na nuca E se vão lidar co'a potrada Quando laçarem o mais maula Eu chego e peço a bolada
Dou um fio nas duas rosetas Deixo saltando faísca Pois ferramenta que eu uso Quando não corta belisca
Me agrada carreira grande China e peleia de mango E de ver uma oito soco Se desmanchar num fandango
Caso o gaúcho morrer Depois de um grande entrevero Vai ficar nas pupilas de deus Como um quadro derradeiro Um índio bem à cavalo Com um sapukay de guerreiro Abrindo o peito de taura No lombo dum caborteiro E o rio grande se guasqueando Na goela de um missioneiro
Desde que eu fui desmamado Neste chão que ainda é meu Ouço os lacaios dizerem Que o gaúcho já morreu Pra quem fala que eu morri Dou de presente parceiro Um bocal "sujo'' de sangue E da baba dum caborteiro
Tenho orgulho desta terra Castigada da punilha Onde ainda se houve o grito Dum centauro na coxilha
Caso o gaúcho morra E um pranto triste desande Faça uma prece crioula Depois escreva e me mande
Quem sabe deus no galpão Lendo essa prece ao matear Diga à São Pedro: O Gaúcho Precisa ressuscitar
Talvez num bagual do céu Lindaço onde quer que ande Me mande eu voltar pra pampa Beijar os pés do rio grande
Compositores: Jose Joao Sampaio da Silva (Joao Sampaio), Jorge Procopio Ferreira Guedes (Guga) ECAD: Obra #10471980 Fonograma #3683176