Eu me chamo João sem medo Vim da costa do Uruguai Este meu nome é uma herança Que eu herdei do velho pai Em tempos de noite escura Que só corisco ilumina Lavado na água de cheiro Vou bailar lá na Argentina Bombacha de gasemira Nos cabelos brilhantina Eu me chamo João sem medo E vou bailar com as Correntina
Não temo la policia Nem daqui e nem de lá Bater bala com os de farda Eu faço até por gostar Certa vez um castelhano Muy valente e afamado Se enveredou pro meu lado Parecia um touro arpoado Antes que dissesse o nome Já estava todo cortado Eu me chamo João sem medo E as vezes sou desconfiado
Em dias de marcação Amanheço bem assanhado De bombacha arremangada Pés no chão chapéu tapeado Derrubando touro a unha Sem me importar com o perigo Quando minha mãe me pariu A sorte veio comigo De tanta sorte que tenho Chego mesmo a me invejar Eu me chamo João sem medo E vim no mundo pra ficar
Pro amor não faço plano Que venha quando quiser Quando volto de um bochincho Trago sempre uma mulher E as que ficam de tão bravas Rogam pragas pra que veio Já não sei quantas pinguanchas Carreguei nos meus arreios Até uma castelhana Quis aprender a nadar Só pra ver o João sem medo Quando a saudade apertar
É fácil de me encontrar Num bolicho de campanha Comprando meus mantimentos Ou contando minhas façanhas Há quem me chame de bruxo Quando dedilho a guitarra E há quem confunda meu canto Com o canto da cigarra
Até uma castelhana Quis aprender a nadar Só pra ver o João sem medo Quando a saudade apertar
Compositores: Telmo Perceu da Silva Torres (Telmo Torres), Jorge Procopio Ferreira Guedes (Guga) ECAD: Obra #190958 Fonograma #826371