Sou um guitarreiro Que canta de toda goela E as ânsias verde amarelas Tremulam em minha estampa Sou ave rara que solitária resiste E por isso meu canto é triste Como agonia de pampa
Tenho pra pátria O mais sagrado respeito E no potreiro do meu peito Rincha um coração feliz Pingo encilhado Na barranca da fronteira Vou passar a vida inteira Pastorejando o país
Igual caliandra Que só canta em liberdade Eu vivo na soledade E rondo este chão com empenho De lança afiada E sentimento febril Anda comigo o Brasil Na anca de um pingo que eu tenho
Meu bisavô Que era um quixote missioneiro Fez este chão brasileiro Que é uma flor que não se esvai Por isso eu que sou cantor das pulperias Rego a flor todos os dias Com a água do Uruguai
Olho lá longe Uma estrela no lampejo E me parece que ainda vejo No garrão desta fronteira A indiada potra Que afiando a ponta da lança Deixou o Rio Grande de herança Pra comunhão brasileira
De céu e campo É minha paisagem interior Por dentro eu tenho um corredor Para estradear antigas auras Sou quebra freio Vaqueano das madrugadas E gosto de pedir boladas Aonde afrouxam os mais tauras
Compositores: Jose Joao Sampaio da Silva (Joao Sampaio), Jorge Procopio Ferreira Guedes (Guga) ECAD: Obra #2329955 Fonograma #1776320