Um dia loco de bueno de piquetear o cavalo Qualquer serviço na estância, se ocupa ao cantar dos galos Ajujo a erva do amargo, com galhos de maçanilha E amanso a vista do encargo, no engorde d'uma novilha
A rês está de sobreano e a vida é quem faz sinuelo Pra quem tropeia na lida, e ainda aparta rodeio Costeando algum gado manso, acalmo xucros e ariscos E agrupo junta à mangueira, as xergas do meu ofício
Assento bem os arreios, pro pingo não velhaquear Pelego, carona, lombilho, cincha, badana e buçal Com pose de capataz, torcendo as tiras do sovéu Aparo as barras do dia, debaixo do meu chapéu
No santa-fé do galpão, sinais de algum picumã Tenteando a alma da prosa, e as garras do amanhã Maneando as mãos da saudade, pampeana dos milongueios Lonqueio o pêlo do couro, pra um barbicacho campeiro
Assim tordilho as melenas, mermando o pêso do corpo E afrouxo o pé no estribo, templando os ferro no potro E nunca entrego os pelegos, compondo algum parelheiro Na cancha reta da vida, dou trena, inflando o peito
Talvez num final de tarde, talvez num clarear de dia Eu deixe a porteira aberta, pro campo lamber a cria Talvez montado à capricho, talvez grudado nos bastos Batendo o laço na cola, com a soga quebrando o cacho
Compositor: Mauro Sergio Montenegro Moraes (Mauro Moraes) ECAD: Obra #615692