Eu sou caipira do mato, sou um caboclo nato e não nego a raiz Tenho a pele queimada, essência entranhada da flor no nariz Chapéu de palha e botina, luta matutina que me faz feliz Não sou homem de gravata meu rancho de taipa eu mesmo é quem fiz
O galo canta e eu levanto, sempre me encanto com a cerração Também contemplo as rolinhas que pousam e caminham lá no mangueirão Os canarinhos cantando, o sanhaço bicando a poupa do mamão Jogo milho pras galinhas o sol suga as gotinhas de orvalho no chão
Sinto uma satisfação quando a criação termino de tratar Volto pro rancho e a mulher me serve um café com bolo de fubá Faço um cigarro de palha e vou a batalha outro dia enfrentar Passo e levo da mina pura e cristalina a água pra tomar
Bem lá no alto da serra no ventre da terra semeio a semente Rego com muito suor com fé e amor eu espero paciente Ver o centeio do pão nasci vinde o botão pra dar fruto pra gente E a tarde eu volto à palhoça quando o sol na roça se vai no poente
Me banho no ribeirão depois tomo um pingão na hora do jantar Sento no banco lá fora e ali fico horas a admirar O céu com suas centelhas e vendo as estrelas mudar de lugar Vejo da lua seu lumbri com os vaga-lumes no escuro a brilhar
Esse meu reino encantado é abençoado por Nosso Senhor Graças a mãe natureza fartura na mesa tem o lavrador Eu sou um caboclo rude mas tenho saúde a paz e o amor Se existe a felicidade nasceu na verdade no interior Se existe a felicidade nasceu na verdade no interior
Compositores: Edilson Miranda Faria (Joao Miranda), Valdemiro Neres Ferreira (Goiano), Antonio Pereira Santana (Sam) ECAD: Obra #1037538 Fonograma #1853658