Juliano Holanda
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Na Primeira Cadeira

Juliano Holanda

A arte de ser invisível


Fui seguindo pra sempre na subida
Já andei vinte léguas contra o vento
Uma quadra sem porta e sem alento
Nessa estrada só tem lugar de ida
Cada curva parece conhecida
Cada passo descreve a própria lei
Nesse chão que a saudade derramei
Tanta dor, tanto pranto, tanto gozo
Me estiquei de um jeito preguiçoso
Na primeira cadeira que encontrei?

Fui ao fundo de todo pensamento
E segui sem intento e sem guarita
No deserto onde só o tempo habita
Eu ouvi murmurinhos pelo vento
Vi as nuvens girando em movimento
Aprendi a metade do que eu sei
Até mesmo a mentira que inventei
Me sorriu de um modo milagroso
Me estiquei de um jeito preguiçoso
Na primeira cadeira que encontrei?

Percorri com igual velocidade
Sobre ruas e vales e sarjetas
Revirei o que havia nas gavetas
Quis apenas a lei da gravidade
Aprendi no caminho da verdade
Uma coisa que nunca esquecerei
Me achei, me perdi, me deparei
Tão diverso e tão maravilhoso
Me estiquei de um jeito preguiçoso
Na primeira cadeira que encontrei?

Ao final mais cansado e mais sereno
Com os olhos repletos de visagens
Tantas chuvas e tantas estiagens
Da janela do trem, fiz um aceno
E pensei como o mundo é tão pequeno
Mas, também é maior do que sonhei
Fui dormir inocente e despertei
Tão criança, tão jovem, tão idoso
Me estiquei de um jeito preguiçoso
Na primeira cadeira que encontrei?

Compositor: Juliano Ferreira Holanda de Melo (Juliano Holanda)
ECAD: Obra #3984367 Fonograma #2502309

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