Quando se rebenta a taipa das nuvens, e o céu desemboca no mundo da gente, milícias de pingos, ao som de trovões, levam água abaixo, a vida, na enchente; o vento cantando na quincha das casas é trilha sonora do tempo em bochincho; animais ilhados, taureando o aguaceiro, que afoga clamores de grito e relincho.
Que Deus nos ampare nas águas da vida, e a crença dos homens não se vá ao fundo; que a enchente do ódio seja passageira, e o amor retire o lodo do mundo.
Cada rancho é um porto, esperando a volta do sol, atracando no cais da esperança; pequenas enchentes inundam os olhos de quem vê a perda que a água balança; quando a natureza ameniza a fúria, se apaga o luzeiro, se cala o trovão; é hora dos seres, num mar lamacento, começar de novo, com os pés no chão.
Que Deus nos ampare nas águas da vida, e a crença dos homens não se vá ao fundo; que a enchente do ódio seja passageira, e o amor retire o lodo do mundo; que Deus nos ampare nas águas da vida, e a crença dos homens não se vá ao fundo; que a enchente do ódio seja passageira, e o amor retire o lodo do mundo.
Compositores: Dionísio Costa, Luiz Carlos Lanfredi