O sol nasce, derretendo geadas, E o vento vem varrendo o chão, Anunciando o rigor do inverno, Se achegando em todo o rincão; Folhas secas despencam, sem rumo, Do arvoredo que eu mesmo plantei; E esse frio redesenha a paisagem Deste pago onde eu me criei.
Neste inverno vou ficar por casa, Casereando aqui neste galpão; Quero olhar minha vida com calma, No calor do meu fogo-de-chão.
Há quem diga até que sou louco Por gostar tanto das invernias, Quebrar geada pisoteando pastos, No clarear dessas manhãs bem frias; Como é bom chimarrear bem cedito, Assistindo meu pago acordar; Eu não troco esse frio da campanha, Neste rancho onde vivo a cantar.
Neste inverno vou ficar por casa, Casereando aqui neste galpão; Quero olhar minha vida com calma, No calor do meu fogo-de-chão.
Não me cansa exaltar a magia deste frio nas querências do sul; Me esparramo nos meus pelegos, a bombear este céu tão azul; Na janela de minhas lembranças, a saudade troteia feliz; Sinto até que renasço no inverno, rebrotando na minha raiz.
Neste inverno vou ficar por casa, Casereando aqui neste galpão; Quero olhar minha vida com calma, No calor do meu fogo-de-chão.
Compositor: Julio Cezar Leonardi ECAD: Obra #6083182 Fonograma #26644510