Eu voltava de viagem e parei pra descansar Num barzinho da esquina pra uma cerveja tomar Eu estava ali sentado, quando um sujeito entrou Barbudo e sujo de barro, veio me pedir cigarro E do meu lado, sentou
Era um sujeito jovem, dos quarenta não passava Começou puxar conversa, só pra ver se eu entrosava Perguntei pelo seu nome, disse: Hoje eu sou um João Ninguém E ali naquela hora, me contou a sua história Dizendo: Já fui alguém
Quando eu era mocinho, eu morava lá na roça Num casebre ao pé da serra, feito de madeira grossa Trabalhava com papai e mamãe o dia inteiro Apesar de estar cansado, à noite eu estava abraçado Com a viola no terreiro
Até bem tarde da noite, era só divertimento A vizinhança reunida, gostava do meu talento Mas tudo que é bom, logo acaba, confirma o velho ditado E um filho da vizinha, achou de fazer gracinha Só porque estava armado
E naquela ocasião, seu revólver ele mostrou O meu pai, apavorado, no braço dele, pegou Guarde essa arma, mocinho, lhe pediu com muito jeito E sem nenhuma razão, com sua arma na mão Atirou contra seu peito
Fiquei muito tempo preso, mas o criminoso está morto Veja estas tatuagens espalhadas em meu corpo Pra mostrar que fui violeiro, trago a prova bem guardada E mantendo o respeito, mostrou pra mim em seu peito Uma viola desenhada.
Compositor: Joaquim de Oliveira Fornasiero (Juninho) ECAD: Obra #1210208 Fonograma #1717882